Aqui nessa estação
Onde arranha-céu conversa com Deus lá de cima
Aqui nessa questão onde teu patrão
Regou todo o chão de agonia
Aqui no barracão onde faltou pão
Pro menino por na barriga
Onde não tem irmão, motivo
Razão pra se levantar todo dia
É ere
É erê quem regou teu chão com o suor sangue da geração
Quanto vale o guri favelado diante do seu cifrão
Aqui nessa estação é questão de cor o homem que sobe na vida
Se tu fores mulher o preto da pele vai te amarrar mais ainda
Mal sabia o guri que acordava cedo para trabalhar todo dia
Que um tijolo nagô que edificou essa terra tão disparida
É erê
E o menino pinta o preto da pele de prata para trabalhar
Como se o preço desse preconceito fossem só vogais pra trocar
Lapa dera tundê, larera cundê, larebagate bacunbiga
É erê
É erê quem regou teu Chão com o suor sangue da geração
Quanto vale o guri favelado diante do seu cifrão
E o menino pinta o preto da pele de prata para trabalhar
Como se o preço desse preconceito fossem só vogais pra trocar
Oi menino pintado de cinza!